Porque me sinto sozinha(o)? (solidão)
- Paulo Cordeiro
- 30 de nov. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 20 de dez. de 2023
Para entenderemos este sentimento de solidão, é realmente importante que olhemos para a causa. Isto porque, podemos estar com muitas pessoas e continuamos a sentirmo-nos sozinhos, ou podemos estar sozinhos e sentimo-nos preenchidos.
De uma forma simples, o sentimento de solidão está relacionado com exclusão. Quando nos sentimos excluídos ou colocados de parte, podemos começar a pensar que temos um problema ou que ninguém gosta de nós, e isso faz-nos sentir sozinhos. Podemos até passar muito do nosso tempo sozinhos e achar que "os outros" estão contra nós. Mas mesmo isto que estou a partilhar não são as causas.
Tudo isto são apenas os sintomas, de algo mais profundo que passa ao lado da maioria das pessoas, e se queremos realmente começar a sentirmo-nos mais preenchidos é mesmo necessário entendermos o que estamos a fazer para nos sentirmos sozinhos.
Quando alguém diz o que diz, ou faz o que faz, podemos por exemplo, sentirmo-nos magoados e lá vem a solidão. Ou quando terminamos um relacionamento, lá surgem novamente essas sensações. Ou parece que os outros não nos entendem, e sempre que isso acontece, sentimo-nos excluídos. Se observares com atenção, poderás reparar que o sentimento de solidão é muito semelhante ao sentimento de abandono (de ficar sozinho).
Quando nos sentimos excluídos e postos de parte, existe uma sensação de medo associada. O Marketing utiliza muito este nosso medo, e esta nossa necessidade de inclusão de uma forma muito manipuladora. Em inglês chama-se FOMO (Fear of missing out), ou , medo de ficar de fora. Quando fazem aquelas promoções que "só tens até hoje", o objetivo é ativar em nós esse medo. A estratégia é simples. Quando sentimos medo e estamos assustados, mais facilmente fazemos o que os outros querem.
E são poucos de nós, a não ser que tenhamos a coragem e curiosidade de olhar para dentro, aqueles que conseguem reconhecer que de facto a solidão está muito relacionada com o medo de ficar de fora e de não pertencer. E como não queremos sentir esse medo e queremos pertencer e sentirmo-nos em segurança, acabamos por fazer coisas e agir de formas que não são realmente as mais autenticas para nós.
E isto começou tudo lá atrás quando éramos pequenos. Aprendemos a colocar as nossas necessidades e autenticidade de lado, para nos sentirmos mais seguros, incluídos e amados. Talvez os nosso pais estivessem mais preocupados com as suas necessidades do que com as nossas, o que fez com que esse sentimento de exclusão e abandono, e o medo daí resultante, surgissem, naturalmente. Ou talvez, quando agíamos de determinada forma, isso não era aceite, e éramos castigados. Com isso, habituámo-nos a agir estrategicamente, de forma a obtermos a atenção das pessoas próximas de nós, e dessa forma não nos sentirmos excluídos.
Agora enquanto adultos, é muito provável que continuemos a fazer o mesmo. A colocar as nossas necessidades de lado para obtermos amor e aprovação por parte dos outros, ou por outras palavras, agimos estrategicamente de determinadas formas, para nos sentirmos mais seguros e incluídos.
Então e onde entra o sentimento de solidão?
O sentimento de solidão, está relacionado com o abandono de nós mesmos. O abandono das nossas necessidades e daquelas partes de nós que aprendemos que são inaceitáveis e por isso nos habituámos a exclui-las. Tudo isso cria um sentimento de desconexão conosco e um vazio emocional e o resultado disso é um sentimento de solidão. Quanto mais tentamos que os outros nos aceitem e gostem de nós, mais reforçamos este abandono. Ou talvez já nem tentemos isso pois temos tanto medo de ser rejeitados e por isso habituámo-nos a isolarmo-nos.
A solução passa por deixar de fugir de nós, e ir em direção aquilo que tanto tememos. Por começar a incluir aquilo que nos habituamos a rejeitar em nós. Passa por um processo de autoaceitação e inclusão. Quando assim é, começamos a sentirmo-nos mais completos e preenchidos, e com isso o sentimento de solidão vai diminuindo. Onde antes nos sentíamos postos de parte, agora sentimo-nos incluídos, porque nos estamos a incluir. Em vez de esperarmos que os outros nos entendam, vamos começar a entendermo-nos.
A relação com o mundo exterior vem tocar nos nossos botões internos, e podemos aproveitar isso a nosso favor, para facilitar o aprofundamento interno. Nas sessões com os meus clientes, esse é sempre o meu convite e direção. Guiar cada pessoa de uma forma segura, simples e habilidosa para integrarem aquilo que ficou perdido no tempo. Eu chamo-lhe empoderamento.
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